Mais do que uma pauta social, erradicar a violência de gênero é um compromisso ético e estratégico para construir ambientes corporativos seguros, igualitários e inclusivos.
A violência contra a mulher é um problema estrutural que atravessa séculos, enraizado em desigualdades de gênero e em normas sociais que perpetuam discriminação e abuso. Historicamente, práticas como o controle do corpo e da vida das mulheres, a exclusão de espaços de poder e a naturalização de comportamentos abusivos reforçaram essa violência.
Como forma de combater a essa realidade, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado em 25 de novembro, foi estabelecido pela ONU em 1999, em homenagem às irmãs Mirabal, assassinadas em 1960 por se oporem à ditadura na República Dominicana. A data reforça a luta global por conscientização e ação contra todas as formas de violência, destacando a urgência de erradicar esse ciclo histórico de opressão.
Números no Brasil
A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), registrou quase 75mil denúncias de violência contra mulheres entre janeiro e outubro de 2023, o que representa um aumento em relação ao mesmo período de 2022, quando foram registradas 73.685 denúncias.
Dentre essas denúncias, a maioria dos relatos (31.931) foi realizada por mulheres negras, destacando a maior vulnerabilidade desse grupo dentro dessa problemática.
O ambiente laboral, infelizmente, reflete as desigualdades de gênero e, em muitos casos, torna-se palco de comportamentos que ferem a dignidade e os direitos de trabalhadoras.
Práticas como assédio sexual, discriminação de gênero, disparidades salariais e exclusões em promoções não apenas limitam o desenvolvimento profissional das mulheres, mas também perpetuam esse ciclo.
De acordo com o último censo do IBGE (2020), as mulheres representam 45,8% do mercado de trabalho brasileiro. Essa realidade reforça a importância de ações corporativas que enfrentem a problemática de forma proativa.
Violência no trabalho: barreiras invisíveis que limitam o progresso
A violência de gênero no mercado de trabalho é um reflexo das desigualdades históricas que permeiam as relações sociais e corporativas, perpetuando, em muitos ambientes de trabalho, situações de exclusão e insegurança para mulheres.
Apesar dos avanços em políticas de diversidade e inclusão, muitas mulheres ainda enfrentam barreiras que vão além da discriminação explícita, inserindo-se em um ciclo de violência que compromete sua dignidade e desenvolvimento profissional. Essa violência não é apenas um problema individual, mas um obstáculo estrutural que afeta a construção de espaços de trabalho igualitários.
Entre as formas mais recorrentes de violência no trabalho estão:
- Assédio sexual: desde avanços físicos não consentidos até comentários inapropriados que constrangem ou intimidam;
- Discriminação de gênero: ações e barreiras que limitam o acesso igualitário a oportunidades de crescimento;
- Violência psicológica: atos de humilhação ou intimidação que afetam a autoestima e a produtividade;
- Violência patrimonial: controle ou restrição de recursos, como salários e benefícios.
Esses comportamentos não são isolados, mas interligados a padrões culturais que reforçam a desigualdade de gênero tornando desafiadora a criação de ambientes verdadeiramente seguros e inclusivos.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as denúncias de assédio e violência no ambiente corporativo têm aumentado nos últimos anos, indicando uma maior conscientização, mas também revelando a persistência do problema. Os efeitos vão além das vítimas: organizações enfrentam impactos como aumento no absenteísmo, perda de talentos e queda de produtividade, enquanto as vítimas muitas vezes lidam com ciclos de vulnerabilidade econômica e exclusão social.
Como as empresas podem agir?
Diante de um cenário em que a violência de gênero ainda afeta significativamente o ambiente de trabalho, empresas têm um papel central na promoção de mudanças. Estratégias eficazes para enfrentar esse desafio incluem:
- Políticas e diretrizes: estabelecer normas e manuais contra assédio, discriminação e violência de gênero;
- Capacitações e conscientização: promover treinamentos que abordem vieses inconscientes e práticas inclusivas;
- Criação de canais de denúncia: garantir meios sigilosos para que as profissionais possam relatar abusos, além de oferecer suporte psicológico, jurídico e financeiro;
- Monitoramento contínuo: realizar auditorias internas para identificar e mitigar riscos relacionados à violência de gênero no ambiente de trabalho;
- Parcerias estratégicas: apoiar organizações que atuam no combate à violência de gênero, contribuindo para projetos de impacto social e acolhimento de vítimas.
Mais do que uma obrigação ética, promover a igualdade de gênero e a segurança no trabalho é uma oportunidade para empresas se posicionarem como agentes de transformação.
Ao construir ambientes inclusivos e livres de violência, as organizações pavimentam o caminho para um mercado mais justo e um futuro equitativo, além de garantirem equipes mais diversas e obterem, assim, melhores resultados.
Artigo elaborado pela sócia do GGA, Ana Gabriela Primon.
Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal de Granadeiro Guimarães Advogados.
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